A Atração do Desvio

21 de janeiro de 2018 - Inspiração e Reflexão

Autor: Nancy H. Blakey

O poeta William Stafford certa vez disse que somos definidos mais pelos desvios e distrações em nossas vidas do que pela estreita estrada entre as metas. Gosto dessa imagem.

É claro que, como todo mundo, eu tenho metas e faço coisas. Mas são os atalhos malucos que me levam para os lugares mais produtivos. Quer um exemplo? Vou lhes falar de uma boa viagem de carro. Poderia ser uma linha reta entre dois pontos, o de saída e o de chegada. Mas, para minha família, significa um longo e preguiçoso desvio atrás do outro — um saltitar por estradas que acabam nos levando ao destino final. Seguimos ao sabor do desejo, sem hora marcada, curiosos para descobrir as possibilidades que nos aguardam depois de cada curva. São árvores floridas, móveis rústicos expostos no acostamento, um pão de queijo inigualável numa pequena venda e as mais suculentas peras em barracas de frutas locais. E como não temos pressa, conversamos.

Não foi sempre assim. Descobrimos o lado lúdico das viagens por puro acaso — ou desvio, pode-se dizer.

Durante anos, fizemos em nove horas a viagem de quase 800 quilômetros de nossa casa em Seattle à de meus pais, em Boise. Viajávamos como a maioria das pessoas: pela rota mais rápida, mais curta e mais fácil. Sobretudo quando eu viajava sozinha com quatro crianças barulhentas e agitadas, cheias de opiniões e desejos inquestionáveis.

Eu dirigia rápido, só parando quando era preciso. Disciplinava as crianças com o olho na estrada e estendendo o braço até o fundo do carro para separar as brigas. Seguia pelas rodovias principais. Contávamos as horas e quilômetros e chegávamos cansados e mal-humorados.

Mas então nasceu Banner, o nosso carneiro. Ele foi rejeitado pela mãe poucos dias antes de uma planejada viagem a Boise. Eu tinha duas opções: deixá-lo com meu marido, que precisava trabalhar, ou levá-lo para Boise comigo Não tive alternativa Foi assim que me vi na estrada com quatro crianças, um carneirinho, cinco bicicletas e meu eterno otimismo. Pegamos as estradas secundárias por pura necessidade. Era preciso parar a cada hora e deixar Banner sacudir as pernas trôpegas. As crianças corriam atrás dele e umas das outras. Voltavam para o carro sem fôlego e cheias de energia, renovadas pelo ar frio.

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