Introdução

A Avaliação do Perfil Comportamental dos ocupantes de Funções Gerenciais corresponde à nona etapa do processo metodológico desenvolvido, aplicado e recomendado pela PERSPECTIVA Consultores para implementar a Avaliação de Competências Gerenciais.

Esta etapa é opcional e depende do interesse e necessidades específicas de cada empresa.

Consiste na identificação do Perfil Comportamental do gerente avaliado, com o intuito de verificar a presença, ou não, de características e aptidões específicas que fazem parte do Perfil Gerencial Desejado do ocupante da função que ele exerce.

É preciso lembrar que o Perfil Comportamental ideal para quem desempenha funções gerenciais de natureza técnica, por exemplo, é completamente diferente daquele que seria recomendável para um gerente de Recursos Humanos ou para um gerente da área comercial.

Com base no conhecimento do Perfil Comportamental é possível decidir, de forma bastante assertiva, de um determinado profissional possui, ou não, as características necessárias e recomendadas para o exercício de funções gerenciais. E mais, permite identificar quais as funções gerenciais nas quais as chances de um bom desempenho são maiores.

Dentre as teorias comportamentais mais difundidas e utilizadas para estabelecer o Perfil Comportamental de uma pessoa, cabe destacar duas principais, as quais são conhecidas como Modelo MBTI e Modelo DISC.

Este post apesenta, especificamente, uma descrição sumária dos diversos Perfis Comportamentais estabelecidos pelos dois modelos supracitados.

Este conteúdo se destina, principalmente, a diretores, gestores e profissionais de empresas e instituições interessadas em implantar ou aperfeiçoar a Avaliação de Competências Gerenciais nas suas organizações.

Adicionalmente, ele também pode ser útil para consultores na área de gestão de Recursos Humanos, bem como para outros profissionais e estudantes universitários interessados nesta área.

O modelo MBTI

Inspiradas por Jung, Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers, criaram um indicador psicométrico concebido para medir as preferências psicológicas na forma como as pessoas percebem o mundo e tomam decisões, o qual é conhecido pela sigla MBTI (Myers-Briggs Testing Instrument). 

As desenvolvedoras do indicador de personalidade MBTI estudaram extensivamente a obra de Jung e focaram seus interesses no comportamento humano, com o objetivo de transformar a teoria dos tipos psicológicos para o uso prático.

Elas começaram a criar o indicador durante a Segunda Guerra Mundial, acreditando que o conhecimento das preferências de personalidade ajudaria as mulheres que entravam no mercado de trabalho industrial pela primeira vez, identificando o tipo de trabalho em tempo de guerra que seria “mais confortável e eficaz”. O questionário inicial cresceu e se tornou o Indicador de Tipo Myers-Briggs, que foi publicado pela primeira vez em 1962. 

Por um período superior a 30 anos, Isabel, com grande esforço e dedicação, escreveu, testou e predefiniu centenas de itens para o inventário, perguntas que revelariam as preferências de uma pessoa, valiosas nas diferenças entre os indivíduos. O seu objetivo era criar um instrumento que funcionasse junto à maior gama possível de pessoas. Por mais de 50 anos, este sistema tem vencido o tempo, sendo atualizado e traduzido para outras línguas, culturas e ambientes, no mundo inteiro.

O CPP Inc., editor do instrumento MBTI, o chama de “a avaliação de personalidade mais amplamente utilizada no mundo”, com até dois milhões de avaliações administradas anualmente. O CPP e outros defensores afirmam que o indicador atende ou ultrapassa a confiabilidade de outros instrumentos psicológicos e inclui relatos do comportamento individual. Estudos têm encontrado forte apoio à validade, consistência interna e confiabilidade (teste-reteste), mesmo havendo sido observadas algumas oscilações.

Papéis

A camada do Papel determina nossos objetivos, interesses e atividades preferidas. Existem quatro papéis: Analistas, Diplomatas, Sentinelas e Exploradores.

O Modelo MBTI considera duas camadas: a primeira (interna) define nossos Papéis, e a segunda (externa) as nossas Estratégias.

Analistas:

Este tipo de personalidade abrange racionalidade e imparcialidade, sobressaindo-se em debates intelectuais e científicos ou em campos tecnológicos. Eles são fortemente independentes, com mente aberta, enérgicos e imaginativos, abordando muitas coisas de uma perspectiva utilitária, e se interessando muito mais no que funciona do que no que satisfaz a todos. Essas características tornam os Analistas ótimos pensadores estratégicos, mas causa dificuldades quando se trata de buscas sociais ou românticas.

Diplomatas:

Focam na empatia e cooperação, se destacando na diplomacia e aconselhamento. As pessoas que pertencem a esse grupo são colaborativas e criativas, muitas vezes fazendo o papel do harmonizador dentro do seu círculo social ou espaço de trabalho. Essas características fazem com que os Diplomatas sejam acolhedores, empáticos e influentes, mas também causa problemas quando há a necessidade de confiar exclusivamente na racionalidade ou tomar decisões difíceis.

Sentinelas:

Os Sentinelas são colaborativos e altamente práticos, adotando e criando ordem, segurança e estabilidade por onde passam. Os Sentinelas tendem a ser trabalhadores, meticulosos e tradicionais, e são ótimos em campos administrativos e lógicos, especialmente aqueles que dependem de hierarquia e regras. Os Sentinelas seguem um plano e não fogem de tarefas difíceis – porém, também podem ser inflexíveis e relutantes em aceitar diferentes pontos de vista.

Exploradores:

São os mais espontâneos de todos e também compartilham a habilidade de se conectar com seus arredores de uma forma que nenhum outro tipo consegue. Os Exploradores são práticos e utilitaristas, se destacando em situações que requerem reações rápidas e a habilidade de pensar rapidamente. São mestres com ferramentas e técnicas, usando-os de diversas maneiras diferentes – desde dominando ferramentas físicas até persuadindo outras pessoas. Obviamente, Os Exploradores são essenciais em crises, artesanatos e vendas – porém, suas características também podem impulsioná-los a assumir empreendimentos arriscados ou focar apenas em prazeres sensuais.

Estratégias

A camada Estratégia mostra nossas formas preferidas de fazer as coisas e atingir metas. Existem quatro estratégias: Individualismo Confiante, Domínio em Pessoas, Melhoria Constante e Compromisso Social.

Individualismo Confiante:

O tipo Individualismo Confiante prefere fazer as coisas sozinho, escolhem depender apenas nas suas habilidades e instintos, em vez de procurar ter contato com outras pessoas. Eles sabem no que são bons e tem grande autoconfiança. Esse tipo de personalidade acredita firmemente que a responsabilidade pessoal e a confiança em si mesmo são valores muito importantes. Os do tipo Individualismo Confiante não prestam muita atenção a opinião dos outros e preferem depender apenas de si mesmos. 

Domínio em Pessoas:

Os do tipo Domínio em Pessoas buscam contatos sociais e tendem a ter ótimas habilidades com comunicação, se sentindo tranquilos em eventos sociais ou situações em que precisem depender diretamente de outras pessoas. Esse tipo é confiante nas suas habilidades e não hesita em expressar suas opiniões. Ter um papel ativo na sociedade e saber o que motiva as pessoas significa muito para eles; porém, não se preocupam muito com o que as outras pessoas pensam sobre eles.

Melhoria Constante:

Os do tipo Melhoria Constante são pessoas quietas e individualistas. Eles tendem a ser perfeccionistas e são conduzidos pelo sucesso, muitas vezes gastando muito tempo e esforço para ter certeza de que o resultado do seu trabalho está o melhor possível. Como pode ser visto no seu nome, o tipo Melhoria Constante é formado de indivíduos de alto desempenho que se dedicam ao seu trabalho – porém, também tendem a se preocupar muito com seu desempenho.

Compromisso Social:

A última estratégia é adotada por tipos sociáveis, enérgicos e conduzidos pelo sucesso. Os do tipo Compromisso Social tendem a ser indivíduos inquietos, perfeccionistas, propensos a vivenciar tanto emoções muito positivas quanto muito negativas. A sua curiosidade e vontade de trabalhar duro também significa que eles possuem alto desempenho, mesmo sendo pessoas bem sensíveis. Também tendem a colocar muita importância na opinião dos outros; eles valorizam seu status social e querem ser bem-sucedidos em tudo que fazem.

A combinação de Papéis e Estratégias dá origem a 16 tipos psicológicos, conforme mostra a tabela seguinte.

Tipos Psicológicos – Modelo MBTI

O modelo DISC

Uma das teorias comportamentais mais difundidas, é o modelo denominado DISC, o qual foi desenvolvido pelo Dr. William Moulton Marston (1893-1947) para examinar o comportamento dos indivíduos em um determinado ambiente. Para Marston, existem quatro tipos básicos de comportamentos previsíveis observados nas pessoas e tais respostas comportamentais ocorrem a partir da combinação de duas dimensões: uma interna (referente à percepção do poder pessoal no ambiente) e outra externa (percepção da favorabilidade do ambiente).

As avaliações são feitas testando as preferências de uma pessoa a partir de associações entre palavras. 

DISC é uma sigla para:

• Dominância – relativo a como a pessoa lida com problemas e desafios.
• Influência – relativo a como a pessoa lida com pessoas e influencia os outros.
• Estabilidade – relativo a como a pessoa lida com mudanças e seu ritmo.
• Conformidade – relativo a como a pessoa lida com regras e procedimentos estabelecidos por outros.

No Brasil, com base neste modelo, foi desenvolvido um projeto – idealizado por Alessandro Garcia – visando disponibilizar uma ferramenta (Assessments) nacional para identificação de Perfil Comportamental, com base na realidade brasileira, considerando que até então todas as ferramentas disponíveis eram estrangeiras e de alto custo. Foi assim que nasceu o Profiler.

Segundo Mônica Hauck, Diretora Executiva da Solides – empresa proprietária do Profiler, “Foram anos de árdua pesquisa até a aprovação e concretização deste sonho. Mas esta é apenas a primeira etapa. Continuamos as pesquisas de forma contínua para que nossa paixão pelo desenvolvimento humano gere frutos nas organizações de todo país, fazendo a diferença nos resultados das empresas e principalmente na vida das pessoas”.

O Profiler foi desenvolvido sob sólidos conceitos aprovados em todo o mundo, e com índice de assertividade superior a 97%, de acordo com certificação emitido pelo Departamento de Estatística do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais.

O Profiler tem como base a avaliação de combinações de quatro perfis básicos e distintos, embora existam diversas combinações possíveis de predominâncias de diferentes níveis para estes quatro perfis, o que gera personalidades singulares e percepções de mundo diferentes.

Cabe aqui reforçar que cada pessoa é única, mas, ainda assim, pertencente a um grupo.

Os quatro perfis básicos definidos pelo Profiler são: Comunicador; Planejador; Executor e Analista.

O Comunicador é aquele que sempre tem uma história para contar e, geralmente, conta para qualquer pessoa, basta que alguém dê abertura e demonstre interesse. Comunicadores gostam de bater papo, de trocar informações, de trabalhar em equipe e são muito carismáticos.

Pessoas com o perfil Comunicador mais alto têm grande poder de persuasão e podem convencer você sobre qualquer coisa que quiserem. Além disso, são muito otimistas e influenciadores. Em contrapartida, comunicadores tendem a procrastinar e têm dificuldades em seguir normas e procedimentos em geral.

O Executor mais alto tende a ser muito independente (logo, gosta de trabalhar sozinho) e sempre está atrás de metas. Executores não suportam enrolações e na sua empresa eles podem ser aqueles colegas que detestam receber uma orientação por mais de uma vez.  Raramente pede ajuda e faz absolutamente qualquer coisa para alcançar um objetivo, ainda que quebre algumas regras.

Executores podem ser excessivamente confiantes em suas capacidades e habilidades. Além disso, sempre defendem com muita garra o próprio ponto de vista, podendo parecer autoritários e inflexíveis. 

O Planejador sempre está disposto a ajudar os outros colaboradores e são tão bons organizando que até a disposição dos objetos em sua mesa tem uma ordem e um propósito estratégico. Planejadores tendem a ser muito justos, disciplinados, confiáveis e ótimos conselheiros.

Pessoas com perfil Planejador dominante buscam sempre a estratégia mais eficiente para a realização de uma determinada tarefa. No entanto, na busca pelo planejamento perfeito podem acabar não tomando decisões importantes.

Por fim, o Analista é uma pessoa extremamente detalhista e pode encontrar erros que ninguém conseguiu reparar antes. Seguem métodos e gostam sempre de ter uma garantia. Na empresa, são os que leem um contrato 15 vezes, linha por linha, antes de assinar. 

Analistas são extremamente responsáveis. Porém, tendem a ser muito autocríticos e evitar trabalhos em equipe.